A Europa pós-napoleónica, dominada por potências conservadoras e onde os regimes absolutistas eram a regra, a partir de 1820, vai ser sacudida por uma ampla vaga revolucionária liberal que abrange os países do sul do continente, nomeadamente, Portugal, Espanha, alguns estados italianos e a Grécia. Esta vaga estende-se às colónias americanas dos dois países ibéricos e, para oriente, faz-se sentir em Goa e noutras cidades da Índia, onde constitui um estímulo adicional para a formação de um pensamento liberal indiano. Forma-se assim, um amplo espaço de defesa da liberdade contra o despotismo, onde pessoas e ideias circulam e onde Espanha e Portugal têm um papel relevante.
Aqui, o movimento inicia-se com o pronunciamento do 24 de Agosto no Porto, seguido do 15 de Setembro em Lisboa. Após algumas ambiguidades iniciais, desencadeia-se um processo tendente à afirmação de um regime político baseado no indivíduo, cujos direitos são reconhecidos, na separação de poderes do Estado e na soberania nacional, aspectos consagrados na Constituição de 1822. A radicalidade da transformação do sistema político não tem, todavia, equivalente nas medidas tomadas sobre outras dimensões da vida social, em que predominou uma atitude reformista. A revolução teve ainda que lidar com o movimento de autonomia do Brasil, que declara a sua independência em Setembro de 1822. Como no resto da Europa, por força da contra-revolução interna e da intervenção das potências conservadoras, a revolução fracassa, mas lança as sementes da modernidade em Portugal. Após avanços e recuos, essas sementes frutificarão plenamente no começo da década de 1830, com a vitória final dos liberais sobre os absolutistas, no contexto de uma das revoluções mais profundas do Portugal contemporâneo.
O programa Relembrar a Revolução de 1820. Liberdade e cidadania foi concebido com um triplo propósito: formativo, para dar a conhecer melhor este período da História nacional; cívico, para sublinhar a antiguidade da luta pela afirmação de alguns valores ainda hoje centrais na nossa sociedade e ajudar a consolidá-los, chamando a atenção para os sucessos conseguidos, bem como para os seus limites, e, finalmente, o programa tem o propósito de contribuir para a incorporação deste período – hoje tão esquecido – na memória histórica nacional.
Comissão organizadora
Daniel Alves (IHC, NOVA FCSH); Paulo Jorge Fernandes (IHC, NOVA FCSH); Rosa Fina (IHC, NOVA FCSH); António Camões Gouveia (CHAM,NOVA FCSH); Patrícia Lucas (IHC, NOVA FCSH); Daniela Major (NOVA FCSH); Maria de Fátima Nunes (IHC, NOVA FCSH); Joana Vieira Paulino (IHC, NOVA FCSH); Nuno Pousinho (IHC, NOVA FCSH); Luís Espinha da Silveira † (IHC, NOVA FCSH)
Comissão científica
Daniel Alves (IHC, NOVA FCSH); Zília Osório de Castro (CICS.NOVA FCSH); Jorge Custódio (IHC, NOVA FCSH); Luísa Cymbron (CESEM, NOVA FCSH); Luís Augusto Costa Dias (IHC, NOVA FCSH e BNP); Paulo Jorge Fernandes (IHC, NOVA FCSH); Rosa Fina (IHC, NOVA FCSH); Silvestre Lacerda (ANTT); Joana Sousa Monteiro (ML); Maria de Fátima Nunes (IHC, NOVA FCSH); Jorge Pedreira (CHAM,NOVA FCSH); José Esteves Pereira (CHAM,NOVA FCSH); Nuno Pousinho (IHC, NOVA FCSH); Eunice Relvas (IHC, NOVA FCSH e CML); José Alberto Ribeiro (PNA); Maria de Lurdes Rosa (IEM, NOVA FCSH); Ana Cristina Nogueira da Silva (CEDIS, DIREITO FCSH); Luís Espinha da Silveira † (IHC, NOVA FCSH); Carlos Vargas (IHC, NOVA FCSH)